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25 de junho de 2020

Qual o futuro das viagens no pós-pandemia? Especialistas preveem o que pode mudar

Trajetos mais curtos e rastreamento de passageiros por aplicativos devem se tornar práticas comuns

A pandemia de coronavírus está mudando o comportamento humano definitivamente. Nesse cenário, qual será o futuro das viagens? Regras cada vez mais rígidas em aeroportos, rastreamento de passageiros por aplicativos e novos protocolos em hotéis, de limpeza profunda reforçada a verificações de temperatura no check-in, devem se tornar realidade assim que os bloqueios das fronteiras forem flexibilizados.

O relaxamento das normas de isolamento social, porém, não significa um retorno à “normalidade”. Pesquisas internacionais já mostram que algumas mudanças vieram para ficar. “Saúde e segurança estarão no topo das mentes dos viajantes – isso mudará a maneira como as famílias escolhem seus destinos e mudará a maneira como as empresas de viagens operam”, afirma Carolyne Doyon, presidente e diretora executiva do Club Med América do Norte e Caribe, em entrevista ao “The New York Times”.

A crise no setor gerada pela disseminação da Covid-19, de acordo com uma previsão divulgada pela “CNN”, deve afetar os países em diferentes graus, mas seu efeito será sentido por todos, já que a indústria corresponde a 10% do PIB mundial e a um entre cada 10 empregos, segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). Diante disso, será natural que as passagens fiquem mais caras, algumas empresas aéreas saiam do mercado e as rotas diminuam. Por outro lado, será possível encontrar alternativas em viagens mais curtas e destinos locais.

O “novo luxo”

“Sinto que é a experiência que vai mudar”, antecipa a consultora de criatividade Cristina Naumovs. “Talvez a gente viaje menos? Sim, mas vamos viajar melhor. Acho que quem entendeu a gravidade do que está acontecendo no mundo inteiro – e principalmente no Brasil – vai querer fazer de um passeio de São Paulo até Santos para molhar o pé na água ou almoçar à beira-mar algo excepcional. Parece um pouco hippie, mas tenho a esperança de que vamos estar mais presentes.”

Slow travel

Para Luiz Horta, jornalista especializado em vinhos, gastronomia e viagens, será o fim das excursões. “Tenho dito que as viagens continuarão, mas o turismo de volume acabou. As pessoas continuarão viajando porque é uma prática humana desde Plínio, o velho, no século 1 d.C., que viajava para provar comidas, conhecer lugares e a quem devemos relatos preciosos sobre a vida de 2 mil anos passados”, diz.

“Um pouco brincando e um pouco a sério”, Horta prevê a volta das viagens lentas, em que os transatlânticos serão usados como transporte novamente e o uso dos aviões menores, com menos autonomia de voo, que serão obrigados a fazer mais escalas. “Talvez o lado positivo seja este, a slow-travel, em que iremos a menos lugares e passaremos mais tempo neles, contra estas fast-visits que eram a prática antes da crise.”

Qual o futuro das viagens no pós-pandemia Saiba o que vai mudar (Foto: Divulgação)

(Des)conexão

Empresário da noite paulistana, Facundo Guerra decidiu investir em uma casa autossuficiente na represa de Piracaia, um lugar remoto do interior de São Paulo, para promover uma experiência de desconexão total. Batizado de Altar, o empreendimento flutuante em parceria com a SysHaus, empresa de design que tem projetos inteligentes de casas pré-fabricadas, foi criado antes do surto de Covid-19, mas tem tudo para emplacar na era pós-pandemia.

“Depois de termos nossas relações mediadas pela tecnologia, precisaremos nos desconectar para nos reconectarmos com algo maior”, acredita. “As viagens para fora se tornarão mais especiais, em decorrência tanto da insegurança quanto da desvalorização de nossa moeda. Não acredito que deixaremos de viajar, mas viajaremos menos, e de maneira mais simples. Por tudo isso, a casa que construímos se alinha com esse espírito dos tempos que estão por vir.”

Qual o futuro das viagens no pós-pandemia Saiba o que vai mudar (Foto: Getty Images/EyeEm)

O fim do assento do meio?

Para garantir o distanciamento entre os passageiros nos aviões, especialistas já vêm cogitando o redesenho das poltronas no interior das aeronaves. Alguns projetos, por exemplo, propõem inverter a posição do assento do meio e adotar divisórias transparentes entre eles. Durante o voo, provavelmente o uso de máscaras será obrigatório e muitas companhias aéreas já estão adotando medidas como o uso de luvas e toucas pela tripulação. Além disso, antes do embarque, fazer um teste rápido de Covid-19 e medir a temperatura dos viajantes podem ser tornar práticas comuns.

Esqueça as filas

John Holland-Kaye, CEO do aeroporto de Heathrow, em Londres, aposta em filas de embarque de até 800 metros para evitar o contato entre os passageiros. Em uma reportagem recente sobre o futuro da aviação, o “The New York Times” ressalta o uso da tecnologia para ajudar os viajantes. “Os dados de localização do celular podem indicar a chegada do usuário ao aeroporto e conduzi-lo para um túnel de segurança”. Os passageiros também podem receber mensagens de texto na hora de embarcar, eliminando assim a necessidade de filas.

Avião VIP

Empresas como a JSX, que fornece serviço de jato de curta distância a partir de terminais privados, podem se beneficiar da crise. Atualmente, a companhia opera na Costa Oeste dos EUA e os protocolos pós-pandemia incluem check-in sem contato e limite de 20 pessoas em aviões de 30 lugares.

Sem contato humano

O distanciamento social chegará ao setor hoteleiro em breve. De acordo com o “NYT”, o grupo Marriott planeja oferecer serviço de quarto sem contato através de um aplicativo para celular. O Hilton, por sua vez, deve expandir seu programa Digital Key, que permite que os hóspedes façam check-in em seus quartos sem interagir com ninguém.

Novas regras de higiene

Muitos hotéis estão implementando rigorosos protocolos de limpeza e exigindo períodos de espera após a desocupação dos quartos. As principais empresas hoteleiras estão experimentando a pulverização eletrostática para desinfetar interiores e a luz ultravioleta para higienizar as chaves das acomodações.

As listagens no Airbnb indicarão em breve se os anfitriões estão praticando novas diretrizes rigorosas de limpeza, incluindo um período de espera mínimo de 24 horas entre as reservas. Uma nova categoria de listagens indicará que nenhum hóspede ocupou um aluguel 72 horas antes da chegada.

Viagens mais curtas

Além da higiene, as empresas de compartilhamento de casas estão defendendo a privacidade. “As viagens serão menos urbanas”, afirma Brian Chesky, da Airbnb, observando que o segmento de mais rápido crescimento dos hóspedes do serviço viaja a menos de 80 quilômetros de casa.

Ao ar livre

Depois de ficarem confinados por meses, os turistas provavelmente darão preferência a experiências ao ar livre. “Se 2020 for um ano em que passamos muito tempo em ambientes fechados, 2021 será o ano de praticar ciclismo, trekking e atenção plena”, acredita James Thornton, da Intrepid Travel, que realiza passeios nos sete continentes.

Fonte:  Casa Vogue

https://casavogue.globo.com/LazerCultura/Viagem/noticia/2020/06/qual-o-futuro-das-viagens-no-pos-pandemia-especialistas-preveem-o-que-pode-mudar.html